PLD explode e atinge limite máximo de R$822,83/MWh
O valor é recorde e quase 70% maior do que o registrado na semana passada
Por Maria Domingues
O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) da primeira semana de fevereiro atingiu o limite máximo definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para 2014, de R$822,83/MWh, para todos os patamares de cargas e submercados, de acordo com dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), divulgados nesta sexta-feira (31/01). O valor é de 69,1% maior do que o registrado na semana passada, que foi de R$486,59/MWh nas cargas médias e pesadas. O preço é válido de 01 a 07 de fevereiro.
O valor ultrapassou o patamar recorde de R$569,59, registrado em janeiro de 2008. Assim como em 2014, naquele ano também houve uma demora para início do período úmido. No início de janeiro de 2013, o PLD também atingiu níveis de preços elevados. Na ocasião, o valor máximo registrado foi de R$550/MWh. O mercado previa que o valor chegasse ao limite máximo de R$780,03/MWh, mas essa expectativa não se configurou.
De acordo com Cristopher Vlavianos, da Comerc Comercializadora, existe uma diferença entre o panorama do ano passado e de 2014. “No ano passado o nível dos reservatórios estavam mais baixos, chegaram a 30%, mas as chuvas de janeiro a março atingiram 80% da média. Neste ano, o patamar deste mês que está terminando foi de 54% da média e a perspectiva para fevereiro é a mesma”, disse.
Dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), referentes a 31 de janeiro, apontam os reservatórios dos quatro subsistemas apresentavam no máximo 60% de energia armazenada. A situação mais crítica é a do Sudeste/Centro Oeste, com 40,6%, seguido pelo Nordeste, com 42,5%. Sul e Norte apresentavam 58,6% e 60%, respectivamente.
Além da média de chuvas, Walfrido Ávila, presidente da Trade Energy, destaca ainda a expansão da demanda para explicar que apesar dos níveis estarem maiores neste ano, a situação é igualmente crítica. Ele explica que as vazões fecharam janeiro com patamares médios menores que dezembro. “No Sudeste os níveis dos reservatórios já estão no terceiro dia consecutivo de queda. No Sul, a queda é de quase 1 ponto percentual ao dia. Mesmo se chover muito em fevereiro – e a previsão não é esta – só vai servir para manutenção da carga”, disse.
Vlavianos lembrou que o valor do Custo Marginal de Operação (CMO), no qual o cálculo do PLD se baseia, bateu R$1065/MWh para a primeira semana de fevereiro. O valor é mais do que o dobro do registrado na semana anterior, a quinta de janeiro, quando foi de R$481/MWh.
Os especialistas lembram que o novo modelo de aversão ao risco, o CVaR, que prevê um despacho térmico mais frequente para garantir a segurança do sistema, também influencia o aumento do patamar de preços. Ambos acreditam que o PLD deverá permanecer no topo pelo menos para a próxima semana. “A previsão de chuvas para os próximos dez dias é muito ruim. Estamos na mão de São Pedro”, disse Ávila.
Para Vlavianos, o sinal de alerta para o setor elétrico está ligado. “O mais correto seria o governo ir a público e pedir que a população reduza o consumo. Nosso sistema é baseado em hidrelétricas. Não é sinal de incompetência fazer esse alerta”, disse, lembrando que a Sabesp, concessionária paulista responsável pelo abastecimento de água, fez pedido semelhante recentemente.
Fonte: Jornal da Energia e CCEE
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