Rombo dos geradores foi de quase R$3 bilhões no primeiro trimestre

Até dezembro, número pode chegar a R$24 bilhões, caso o PLD se mantenha no patamar máximo

Jornal da Energia, por Maria Domingues

 
Crédito: Jeffrey Coolidge/GettyImages

O rombo dos geradores que integram o O Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) atingiu perto de R$3 bilhões no primeiro trimestre de 2014, segundo estudo elaborado por agentes do setor, apresentado pelo diretor da Tractebel Energia, Edson Luiz da Silva, diretor da Tractebel Energia.

A projeção indica que a exposição deverá ficar entre R$13 bilhões e R$24 bilhões, dependendo do nível do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD). O MRE visa o compartilhamento dos riscos hidrológicos que afetam os agentes de geração.

Por conta da crise hídrica, os geradores hidrelétricos estão produzindo menos do que o montante alocado no sistema – o restante é suprido pelas termelétricas. Esse déficit é reateado entre todos os participantes do mecanismo.

Segundo o estudo apresentado por Silva, foram R$580 milhões de déficit em janeiro, R$510 milhões em fevereiro e R$1,88 bilhão em março. Para abril deste ano, o valor deverá ficar próximo do zero. A neutralidade, explicou o executivo, deve-se ao fato de Angra 1 ter parado para manutenção, o que obriga um maior volume de geração hídrica.

De acordo com Silva, é simplista afirmar que esse “rombo” faz parte do risco do negócio para os geradores. “É comum que todas as empresas deixem um montante reservado para uma eventualidade. Mas é impossível ter reserva suficiente para encarar uma crise desse porte. Além disso, as regras para formação do preço no mercado de curto prazo mudaram no meio do caminho e provocaram um salto no preço”, disse, durante o 15º Encontro de Energia, realizado em São Paulo.

O executivo também afirma que não é verdadeira a premissa de que os geradores estão ganhando muito com a venda de energia no mercado spot, ao PLD, que desde o início do ano tem se mantido no patamar máximo permitido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “As empresas não esperavam que o PLD fosse se manter alto depois de abril, pois existia uma expectativa de chuvas que não aconteceu. As empresas alocaram a energia no primeiro trimestre, mas esse dinheiro que veio agora vai ter que sair do caixa mais para frente”, disse. De acordo com Silva, esse efeito já poderá ser mensurado nos resultados financeiros referentes ao segundo trimestre, que encerra em 30 de junho.

Os geradores estão unindo forças para articular com o governo, de modo a impedir que o problema se torne uma bola de neve. O pleito, porém, ainda não foi definido.

Críticas
No mesmo evento, o presidente da Associação Brasileira dos Investidores em Autoprodução de Energia (Abiape), Mario Menel, não polpou críticas ao governo. “Perdemos o controle do fluxo financeiro do setor elétrico”, afirmou.

Menel afirmou que a Medida Provisória 579 (atual Lei Federal 12.783/13), que resultou na redução da ordem de 20% das tarifas de energia elétrica em 2013 com a renovação das concessões de geração e transmissão, foi uma “intervenção desestruturada, que obrigou a realização de várias outras para corrigir o erro da primeira”, disse.

Assim como outros agentes que participaram deste mesmo encontro, o executivo afirmou temer uma “crise de lastro” no mercado livre, causada, entre outros motivos, pelo fato dos agentes terem alocado no mercado cativo, por meio do Leilão A-0, parte da sua energia disponível, que normalmente iria para o mercado livre. Com relação a este mesmo certame, Menel criticou a repentina redução do déficit das distribuidoras, que passou de mais de 3 mil MW médios para 2,4 mil MW médios. “Até tem explicação para isto, mas não cabe aqui falar. São os mistérios que rondam a parte regulatória”, disse.

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